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REGIANE RAQUEL
(BRASIL – SÃO PAULO)
Possui graduação em Letras, especialização em História do Cristianismo Antigo, MBA em Gestão Escolar e é mestre em Linguística pela Universidade Cruzeiro do Sul.
Atualmente é diretora do Instituto do Texto, colunista e escritora.
Informações coletadas do Lattes em 13/05/2022
RAQUEL, Regiane. Verso feminino. Capa e diagramação: Luciana Waack. Ilustração: John William Godward 1861-1922. São Paulo: Praia Grande: Editora LITERATA, 2012. 100 p.
ISBN 978-85.63586.83.4 No. 10 101
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, em outubro de 2024.
Tenho uma vontade insaciável
de mergulhar na vida. Des escutar
histórias e escrevê-las. Tenho uma
fome voraz por tudo que é capaz
de me levar à reflexão. Tenho uma
perpétua loucura ansiosa por
experiências. Quero ver aonde os
olhos não alcançam. Quero rasgar
os panos da superficialidade... Tenho
um desejo incontrolável por tudo
que emana alguma possibilidade de
poesia
*
Lasciva e transbordante. Pérfida
e determinada. Livre e submissa.
Menina e mulher. Angustiada e
escrava. Minha é sua.
Agarrada aos meus livros, às minhas
letras, as horas passam se se arrastam.
De olhos fechados e, trêmula, deixo
que a energia vital derrame do meu
corpo e te alcance. Nessa certeza
fiel de só pertencer ao seu desejo, só
acender diante da tua imagem.
Doce e ingênua. Voluptuosa e
perdida. Inerte e estática. Estranha
e insana. Deleitosa e sensual. Sua e
minha.
Só (mente).
*
E nesse misto de certezas e dúvida
Sigo andante pelo caminho da busca
Talvez por algo ilusório
Pela utopia vivida
entre livros e canções
Mas certa
da poesia lúcida
que persegue meus dias
nessa dor de usar as palavras
feito dom
e feito carne que sangra
como metáfora da minha própria ânsia
mãos que correm distâncias por um
único
peito que corta medos na fome voraz
voluptuosa eu vou
invadida por sinais simbólicos
e perdoa entre a semiótica do signo
e a velocidade do que ainda quero
viver.
*
Escrevo. E nas batidas de cada letra
a pulsação de um momento inteiro
O trecho marcado, a palavra que
escorre o texto que renasce. Assim
achei a saída pra suportar o existir.
Não porque não gosto da vida, mas
porque ela me é tão intensamente
devorável que preciso fugir do desejo
constante de ter tudo agora, nesse
instante. Necessito retirar de mim
o que me sobra, ou sufocarei quem e
o que me rodeia com toda a carência
da minha alma por uma constante
e egoísta atenção. O mundo me
parece só meu quando escrevo. E vou
escrevendo. E assim o desenho, na
sufocante contemplação e no esforço
da representação.
*
E atrelado ao meu corpo a
extensão das nossas vontades.
Desejos derramados em meu tempo.
Arranhando na pele a justa medida
da sua ausência. Quero apenas
o que ainda não tive: o exalar da
minha alma na tua cama, a presença
cortante, o sussurro por entre
manhãs e o deleite de noites e noites
e noites seguidas. Seu mundo: ícone
da minha capacidade de me doar, o
símbolo e a constante conjugação do
verbo amar.
*
E essa é minha voz. A fala
da mulher que aprendeu a ser
mulher. Submissa e superior.
Dentro de sai força de versar
em cor de rosa, a sede de gritar a
palavra exata. Vencendo o medo
diante do que é tradicional e
seco. Sendo o perfeito êxtase do
feminino, na, pela e com as letras.
*
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Página publicada em outubro de 2024
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